(desen)RASCA(dos)

Hoje o dia foi, não de protesto, não foi de manifestação, mas de união!

E vê Sr. Primeiro Ministro como não somos fedelhos de qualidade rasca ou duvidosa? Vê Sr. Primeiro Ministro que até nos sabemos comportar e mostrar digna e civilizadamente aquilo a que nos opomos? Se calhar não lhe ensinaram a comportar-se assim na sua licenciatura...uppps, mas qual licenciatura? Ahhh, ok, está desculpado. Já percebi que nas licenciaturas compradas nada disso faz parte do plano curricular, só se obtem mesmo um grau de Engº! As minhas mais sinceras desculpas! mas tão sinceras e verdadeiras como os discursos que faz! Portanto acredita em mim, certo?



Tira a mão! Muito bom!!! Conheço uma música parecida e não é dos Deolinda :)

Já agora Sr. Primeiro Ministro, amigos, Deputados e companhias afins, acho que nos devem ao menos um "Muito Obrigado"! e vá, não o vou deixar a pensar muito (já todos sabemos que não consegue tal proeza) no porquê de tal agradecimento.

É que nós, mesmo sendo rascas, mesmo estado à rasca, a brincar ao Carnaval ou lá o que lhe queira eventualmente chamar (vale o que vale) somos uma das vossas fontes de rendimento e desde tenra idade - claro está que nestes casos não seria políticamente correcto chamar-lhe sequer exploração do trabalho infantil, isto já que somos tratados como fedelhos.

Desde cedo que os nossos pais pagam o que podem, o que não podem e como podem para que nós fedelhos, possamos estudar (veja lá bem a palermices deles!). Não contentes com a escolaridade obrigatória, toca de pagar um bocado mais para irmos, imaginem, para a Universidade! Manias das grandezas é o que é! Acredito que os seus pais também quisessem o melhor para sim e olhe que devem ser pessoas com uma capacidade fabulosa para o negócio! É que a minha mãe, os pais dos meus amigos e a maioria dos pais que conheço e/ou ouvi falar por esse País fora, quando saíam de casa para ir às compras, chegavam com leite, ovos, pão, farinha, arroz, açucar, roupa, sapatos, quem sabe livros, carros e brinquedos, mas nunca com uma canudo de Engº! Juro que isso eu nunca tinha ouvido antes no meu circulo mais próximo. Já agora aproveite a maré de agradecimentos e agradeça aos seus paizinhos também. E pronto Sr. Primeiro Ministro, estudo pagos, canudo na mão, o que temos nós à espera? Nada!!! Catita não é? Bom, mas nem todos têm NADA, aliás é preciso uns quantos para vos continuar a "jovempatrocinar". Diz então que arranjamos um trabalho e para quê? Para estoirarmos o (pouco) que ganhamos, e mesmo esse pouco sabe-se lá até quando, não em cervejas, não em jantaradas, não em viagens, mas sim em impostos, what else? Mas ok, 87 mil milhões de euros em 2 anos, é isso que precisa não é? não caem do céu, muito menos vêm do SEU trabalho...Lá está Sr. Primeiro Ministro, tendo em conta que o País não vai para novo, convém que haja alguém que continue a alimentar a pensão de uns, os subsídios de outros, os carros de alguns e por aí vai.

É legítimo que peça compreensão ao povo para a crise que atravessamos e acredite que só não podemos apertar mais o cinto porque já não temos cinto para apertar. Sinto muito, mas o meu cinto já se foi!

Posto isto, é gritante o que os nossos pais fizeram de errado, aliás, salta à vista do cego. Pois em vez de nos comprarem também uma licenciatura... puseram-nos a estudar? Nesta altura, qualquer um de nós podia ser como o Sr. Primeiro Ministro ou como um dos seus "amigos", mas ainda bem que não!

Já agora, oh Sr. Primeiro Ministro, livre-se lá do termo "Geração Rasca/à rasca ou enrascada" porque na verdade não nos fica bem. Olhe que é preciso ser-se muito desenrascado para fazermos o que fazemos com as "ajudas" que o Sr. nos dá!

A isto chama-se pro-actividade Sr. Ministro! Lá imaginação não nos falta e vontade de trabalhar também não!

Deixe-se lá de discursos, conversas, tretas, demagogias e retóricas e vá trabalhar que é para isso que lhe pagamos e bem! Aproveite o facto de não ter contratos mensais (o que é uma pena no seu caso), não estar a recibos verdes, ou mesmo dependente de um subsídio de desemprego ou outro qualquer para ter, quem sabe, mais ânimo para fazer o que lhe compete, mas tente (eu sei que não tem formação para isso, mas enfim), tente mesmo muito fazê-lo BEM! Se fizesse menos mal a malta rasca até já se contentava, mas assim, oh Sr. Primeiro Ministro...assim não dá mesmo!